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sexta-feira, 25 de setembro de 2015

As perguntas que não gosto de responder



            Sou uma pessoa de poucos amigos. Não sou de ficar mostrando os dentes para as pessoas. Outrora, quando adolescente, era bem mais expansiva. Mas o tempo passou quebrei a cara e fiquei meio arredia. Desde de quando vi meu nome na boca de um monte de gente que não me conhecia, mudei!
            Quando era adolescente era apaixonada por um garoto que não gostava de mim. Se alguém vinha me perguntar se eu gostava de alguém, eu respondia que não. Ficava envergonhada e via como um fracasso gostar de quem não gostava de mim.
            O tempo foi passando e todas as vezes que tentei confiar em alguém, quase sempre, me lasquei. Depois que tive depressão, tentei ainda mais me reservar e busquei na escrita uma forma de me libertar. Ao invés de falar, prefiro escrever. Tenho dores e passei por algumas situações que não acho válido sair gritando aos quatro cantos.
            Por manter a minha vida guardada, tem perguntas que me tiram do sério, que eu não gosto de responder. Por exemplo, perguntas relacionadas a sexo. Isso é muito pessoal! Não respondo e não dou ousadia. Fico sem graça!
            As pessoas são muito inconvenientes! Quando eu estava namorando... Tinha de ouvir quase todo dia a mesma pergunta: “Quando vai ser o casamento?”. Como se para casar não precisasse ter um alicerce financeiro! Agora tenho de ouvir: “Quando você vai ter um filho?”. As pessoas não sabem da minha vida! Não sabem que eu estou fazendo tratamento do joelho e tomo um remédio fortíssimo para me manter de pé. Pois, acham que não ter cartilagem é uma grande frescura! Talvez porque nunca sentiram a minha dor!
            E para piorar tudo! Estou com a tireóide alterada. Preciso estar bem para ter um neném. Quem me conhece sabe a vontade que tenho em ser mãe, mas tudo ao seu tempo. Preciso estar com a saúde boa para gerar uma vida! Mas, que incomoda ficar respondendo a mesma pergunta, incomoda!
            Mas tem uma pergunta que me tira ainda mais do sério! Odeio a pergunta: “Por que você não trabalha na sua área?”. As pessoas perguntam como se eu fosse a coisa mais fácil do mundo arrumar um emprego na área de comunicação. Há outros, que me tratam como uma pessoa sem fé, que não reza, que nunca pediu a Deus um emprego como Jornalista! E tem aqueles que menosprezam meu emprego no banco: “Nossa! Mas tudo isso de tempo! Como você agüenta?. Se fosse eu já tinha saído!”. Na boa, ter um emprego hoje, do jeito que o Brasil está, é uma benção! Quando estou de bom humor respondo: “Não trabalho na área, pois Deus não quis. Tentei de todos os jeitos, mas chegou uma hora em que não podia mais sonhar. Eu tinha de trabalhar de qualquer coisa para que eu pudesse me sentir gente!”. Agora quando estou de mau humor, sou curta e grossa: “Não trabalho na área, pois sou incompetente”. Uma vez falei isso para uma pessoa e ela ficou sem graça.
            Às vezes acho que realmente sou incompetente e tento ver onde eu errei, e me pego sonhando ainda! Mas, para uma pessoa com o meu histórico, ter conquistado as coisas que conquistei faz de mim uma vencedora!
            O melhor que eu tinha que fazer é não ligar para os que os outros falam, mas isso é tão difícil! E é mais difícil ainda querer que as pessoas entendam a sua dor. Só há um que entendem o que a gente sente: Deus

           
           

            

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